A mesa redonda sobre tecnologia e agronegócio destacou como a internet banda larga via satélite está conectando as áreas rurais.
Mais de 40% das propriedades do Brasil estão off-line. São milhões de hectares país adentro sem qualquer tipo de conexão. Olhando para custos e desafios estruturais, a conexão de banda larga via satélite despontou como a solução mais lógica para esses casos.
Esta foi uma das conclusões de uma mesa redonda virtual entre especialistas do setor, no dia 15 de setembro.
“A conectividade, sozinha, não resolve todos os problemas, mas é o básico, é igual energia elétrica”, disse Bruno Soares Henriques, diretor comercial da Viasat Brasil. “Sem conectividade, nós estamos totalmente isolados. E é isso que acontece com o agronegócio hoje em muitas regiões do Brasil”.
É neste ponto que entra o satélite: “Sempre haverá espaço nessas localidades onde ninguém mais chega, somente o satélite”.
Uma solução economicamente viável
O painel “A Conectividade Rural via Satélite” reuniu três líderes da indústria em uma conversa moderada por Luiz Francisco Perrone, ex-conselheiro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). A realização foi do portal de notícias Telessíntese e da ESALQTec — incubadora tecnológica da ESALQ/USP —, como parte do AGROtic, evento anual para discutir o papel das tecnologias no agronegócio.
De acordo com Henriques, o consumo de dados vai aumentar nos próximos anos, exigindo velocidades mais altas e planos com maior franquia de dados.
Ele também afirmou que satélites de altíssima capacidade operando em banda Ka, como os gerenciados pela Viasat, têm contribuído para a viabilidade econômica da banda larga via satélite nos últimos anos.
“As próximas gerações de satélites vão puxar os custos ainda mais para baixo”, completou, referindo-se à constelação ViaSat-3 que está a caminho. O primeiro satélite deste trio terá cobertura em grande parte da América do Norte e do Sul.
“O mercado, em geral, tem caminhado para a redução de custos”, disse Henriques. “E isso vai trazer, claro, mais vantagem para os usuários”.
Internet via satélite também é para o pequeno produtor
Durante a sessão de perguntas e respostas, um expectador perguntou se a banda larga via satélite é adequada para pequenas propriedades. Para Henriques, com certeza sim.
“Existe uma solução para cada necessidade”, afirmou, destacando que o serviço de internet residencial, por exemplo, resolve a maioria dos desafios enfrentados por pequenos produtores, como emitir notas fiscais ou abrir uma loja on-line simples.
E está se tornando cada vez mais disponível: no mesmo dia da mesa redonda, a Viasat anunciou a expansão de seu serviço residencial para 22 estados brasileiros — alcançando mais de 93% da população do país.
Outro ponto importante para garantir acessibilidade é o custo da infraestrutura. Segundo Henriques, é comum que fazendeiros sejam solicitados a arcar com despesas como a construção de uma torre de rádio ou a instalação de quilômetros de cabeamento de fibra ótica para poder receber o serviço de internet.
Olhando para os pequenos produtores, Henriques enxerga a conectividade como um primeiro passo crítico.
“Acredito que a gente consiga endereçar muitos problemas ao levar conectividade para essas pessoas, para essas casas que hoje são isoladas, e habilitar uma série de benefícios que atualmente não existem para eles”, ele disse.